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Quem enfrenta a infertilidade muitas vezes se depara com uma enxurrada de exames, hipóteses e explicações que nem sempre são claras. Entre elas, um termo aparece com frequência: células NK.
Muitas pacientes chegam ao consultório assustadas, acreditando que “suas células estão atacando o embrião” e que isso pode ser a causa da dificuldade para engravidar ou das perdas gestacionais. Mas será que isso é verdade? Vamos entender.
As células natural killer (NK) fazem parte do sistema imunológico. O nome pode assustar — afinal, significa “assassinas naturais”. Mas aqui é importante diferenciar:
NK do sangue periférico (pbNK): são aquelas que circulam no corpo e têm função de defesa contra vírus e células tumorais.
NK uterinas (uNK): vivem no endométrio e na decídua (camada uterina na gravidez). Essas têm características únicas, pouco destrutivas, e sua função não é atacar, mas ajudar a preparar o útero para receber o embrião.
Sim. E em grande quantidade. Durante o ciclo menstrual, especialmente na fase secretora (após a ovulação), as uNK aumentam em número e permanecem em alta nos estágios iniciais da gestação.
Na verdade, elas chegam a representar até 70% dos leucócitos da decídua no primeiro trimestre.
Ou seja: ter uNK no útero é esperado, normal e necessário.
As uNK não atacam o embrião. Pelo contrário, elas exercem funções essenciais para que a gravidez aconteça de forma saudável:
Remodelagem vascular: participam da transformação das artérias espirais, garantindo o fluxo sanguíneo adequado para a placenta e o bebê.
Controle da invasão do trofoblasto: equilibram até onde as células do embrião devem penetrar no útero, evitando riscos para mãe e bebê.
Produção de fatores angiogênicos e citocinas: liberam moléculas como VEGF e interferon-gama, que ajudam na nutrição, oxigenação e tolerância imunológica.
Em resumo: sem uNK, a implantação e a formação da placenta ficariam comprometidas.
Por duas razões principais:
Hoje, sabemos que essa visão é simplista e não corresponde ao que de fato acontece.
Não.
A dosagem de NK sanguíneas (pbNK) não reflete o que acontece no útero. São células diferentes, com funções distintas. Portanto, esse exame não deve ser usado na prática clínica para investigar infertilidade ou abortamento de repetição.
Mesmo a análise das uNK no endométrio, feita por biópsia, ainda não tem padronização suficiente para orientar condutas em rotina. Ou seja, o exame pode gerar mais ansiedade do que respostas.
Na prática clínica atual, não há indicação de investigar nem de tratar as células NK uterinas de forma isolada.
O que a ciência aponta é que o equilíbrio entre os receptores maternos (KIR) e os antígenos fetais (HLA-C) pode influenciar o risco de complicações como pré-eclâmpsia ou restrição de crescimento fetal. Mas esse conhecimento ainda não se traduz em exames ou terapias aplicáveis no dia a dia da reprodução assistida.
Tratamentos empíricos para “controlar NK” não têm eficácia comprovada e podem expor a paciente a efeitos colaterais desnecessários.
A infertilidade já é um caminho cheio de dúvidas e frustrações. É natural buscar explicações rápidas, e as células NK muitas vezes são apresentadas como “as culpadas invisíveis”. Mas a ciência nos mostra outra realidade:
Elas não são vilãs, e sim aliadas fundamentais da gravidez.
Investigar ou tratar NK não deve ser prioridade.
O foco continua sendo uma avaliação global da fertilidade, individualizada e baseada em evidências.
As células NK uterinas são peças-chave no delicado equilíbrio da implantação e da formação da placenta. Longe de inimigas, elas ajudam a preparar o terreno para que uma nova vida floresça.
Por isso, se você está passando pelo desafio da infertilidade, lembre-se: não existe um culpado simples. A medicina reprodutiva caminha justamente para entender as múltiplas variáveis envolvidas — e caminhar ao seu lado, oferecendo clareza, segurança e acolhimento em cada passo.
📖 Referência científica:
diaz-hernandez 2021
Olá! Sou o Dr. João Guilherme Grassi, especialista em reprodução assistida, e quero ajudá-los nesse caminho rumo à realização do sonho de ter o seu bebê.
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