Como interpretar um exame de reserva ovariana?

Muitas mulheres chegam ao consultório com exames de reserva ovariana em mãos e uma grande dúvida: “meu resultado está bom ou ruim?”.
A verdade é que interpretar esses números exige cuidado. Os exames não devem ser vistos de forma isolada — eles ganham significado apenas quando relacionados à idade, ao histórico pessoal e ao contexto clínico.

Quais são os principais exames de reserva ovariana?

Hormônio Antimülleriano (AMH)

  • Exame de sangue que pode ser feito em qualquer fase do ciclo.

  • Valores de referência variam muito de acordo com a idade.
  • Regra prática: abaixo de 1,0 ng/ml geralmente indica baixa reserva, mas em mulheres mais jovens isso merece ainda mais atenção.

Contagem de Folículos Antrais (CFA)

  • Realizada por ultrassom transvaginal, preferencialmente entre o 2º e o 5º dia do ciclo.
  • Mostra os folículos pequenos que poderiam se desenvolver naquele mês.
  • Interpretação: menos de 5 a 7 folículos somados nos dois ovários costuma indicar diminuição da reserva.

FSH (Hormônio Folículo-Estimulante)

  • Coletado no início do ciclo, geralmente no 3º dia.
  • Valores mais altos significam que o organismo precisa de mais estímulo para fazer os ovários responderem.

A idade é a chave da interpretação

O mesmo número pode significar coisas diferentes dependendo da idade:

  • AMH de 1,5 ng/ml em uma mulher de 25 anos já é considerado um alerta.
  • Esse mesmo valor em uma paciente de 40 anos pode estar dentro do esperado para a faixa etária.

👉 Ou seja, não basta olhar apenas o valor absoluto: é preciso compará-lo ao que seria normal para a sua idade.

Como simplificar essa análise?

Para facilitar a compreensão, criamos uma calculadora de reserva ovariana.
Nela, a paciente insere:

  • Sua idade.
  • O valor do AMH.

E recebe como resultado o percentil da distribuição normal para aquela faixa etária.
Isso permite visualizar de forma clara se a reserva está:

  • Acima da média (percentil alto).
  • Na média (percentil intermediário).
  • Abaixo da média (percentil baixo).

Esse recurso não substitui a avaliação médica, mas ajuda a transformar números abstratos em informações concretas, guiando decisões de forma mais consciente.

Como usar esses resultados na prática?

Interpretar corretamente a reserva ovariana abre espaço para estratégias personalizadas:

  • Mulheres jovens com reserva diminuída: podem considerar congelamento de óvulos para preservar a fertilidade.
  • Mulheres acima de 35 anos: mesmo com valores razoáveis, a queda da qualidade dos óvulos já é fator determinante — o tempo se torna ainda mais importante.
  • Casais em tentativa de gravidez: exames ajudam a decidir se vale manter tentativas espontâneas, avançar para indução da ovulação ou considerar diretamente a fertilização in vitro (FIV).
  • Situações específicas (endometriose, histórico de quimioterapia, menopausa precoce na família): avaliação precoce é essencial para não perder o momento certo de agir.

O que não devemos fazer?

  • Não interpretar o exame de forma isolada ou sem referência à idade.
  • Não acreditar em terapias sem comprovação científica (como PRP intraovariano, “rejuvenescimento ovariano” ou uso de hormônios sem indicação). Essas estratégias não têm eficácia comprovada e não são recomendadas fora de protocolos de pesquisa.
  • Não adiar indefinidamente a avaliação: tempo é um dos fatores mais importantes da fertilidade.

Conclusão

Interpretar a reserva ovariana vai muito além de olhar para um número.
É entender como ele se encaixa na sua idade, no seu histórico e nos seus planos de vida.
Com a ajuda de ferramentas como a nossa calculadora de percentil do AMH e o acompanhamento de um especialista, é possível ter uma visão clara e realista do cenário, planejar com segurança e tomar decisões no momento certo.


Sou o Dr. João Guilherme Grassi, médico especialista em reprodução humana.

Minha atuação é focada em tratamentos individualizados, sempre levando em consideração a sua história, os seus sonhos e os seus objetivos.

Acredito que informação é parte essencial do processo — por isso, dedico tempo a educar, acolher e orientar quem deseja compreender melhor sua fertilidade.

Meu maior compromisso é oferecer caminhos realistas e, ao mesmo tempo, cheios de esperança, para ajudar você a realizar o sonho de construir uma família.

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