A idade é, sem dúvida, o principal fator relacionado à diminuição da reserva ovariana.
Mas ela não é o único. Algumas condições podem antecipar ou acelerar essa queda, fazendo com que mulheres jovens já apresentem sinais de baixa reserva.
Fatores que podem reduzir a reserva ovariana
1. Histórico familiar de menopausa precoce
A genética tem papel fundamental.
- Mulheres com mãe ou irmãs que tiveram menopausa precoce (antes dos 40 anos) têm maior risco de apresentar queda acelerada da reserva.
2. Endometriose
A doença pode comprometer o funcionamento dos ovários:
- Especialmente quando há cistos endometrióticos (endometriomas), que podem agredir diretamente o tecido ovariano.
- Além da doença em si, o tratamento cirúrgico da endometriose é um dos fatores mais importantes de perda de reserva, principalmente quando envolve retirada de cistos dos ovários.
- Estudos mostram que a cirurgia para endometriose pode reduzir de forma significativa os níveis de AMH e a quantidade de folículos antrais, mesmo em mulheres jovens.
3. Cirurgias ovarianas
Além da endometriose, outras cirurgias nos ovários podem impactar a reserva:
- Remoção de cistos benignos ou tumores.
- Tratamento de torção ovariana.
- Ressecções repetidas de tecido ovariano.
Quanto maior a manipulação do ovário, maior o risco de perda de folículos.
4. Quimioterapia e radioterapia
Tratamentos oncológicos podem ser altamente gonadotóxicos:
- Dependendo do tipo e da dose da medicação ou radiação, podem acelerar a perda dos óvulos de forma irreversível.
- Por isso, recomenda-se sempre discutir congelamento de óvulos ou embriões antes do tratamento.
5. Doenças autoimunes
Algumas doenças em que o próprio sistema imunológico ataca tecidos do corpo podem atingir os ovários, levando à insuficiência ovariana precoce.
6. Tabagismo
O cigarro libera toxinas que afetam diretamente a função ovariana.
- Mulheres fumantes apresentam menopausa, em média, 1 a 2 anos mais cedo do que não fumantes.
7. Infecções pélvicas graves
Infecções que atingem os ovários podem comprometer parte do tecido e reduzir a reserva.
8. Alterações genéticas específicas
- Síndromes como a X-frágil (pré-mutação no gene FMR1) e algumas alterações cromossômicas estão associadas à insuficiência ovariana precoce.
Como avaliar se minha reserva está comprometida?
Os exames mais usados são:
- AMH (Hormônio Antimülleriano).
- Contagem de Folículos Antrais (CFA).
- FSH do 3º dia do ciclo.
Para tornar essa análise mais clara, criamos uma calculadora de reserva ovariana.
Nela, você insere sua idade e o valor do AMH e descobre em qual percentil da distribuição normal você está.
Isso ajuda a saber se sua reserva está dentro do esperado ou se pode estar reduzida precocemente.
Conclusão
Embora a idade seja o fator mais determinante, condições como a endometriose e, principalmente, a cirurgia para tratamento da endometriose, têm papel central na diminuição da reserva ovariana.
Por isso, a decisão sobre operar deve ser sempre individualizada, equilibrando o controle da doença e a preservação da fertilidade.
O aconselhamento precoce com especialista é essencial para não perder oportunidades de preservar óvulos e garantir mais chances de gestação no futuro.

Dr. João Guilherme Grassi
Sou o Dr. João Guilherme Grassi, médico especialista em reprodução humana.
Minha atuação é focada em tratamentos individualizados, sempre levando em consideração a sua história, os seus sonhos e os seus objetivos.
Acredito que informação é parte essencial do processo — por isso, dedico tempo a educar, acolher e orientar quem deseja compreender melhor sua fertilidade.
Meu maior compromisso é oferecer caminhos realistas e, ao mesmo tempo, cheios de esperança, para ajudar você a realizar o sonho de construir uma família.



